Projeto ECOEVI apresenta o tema “Ferramentas para diagnóstico situacional do ecossistema de evidências no Brasil”
No segundo webinário do projeto, a equipe de pesquisa apresenta a abordagem metodológica e resultados preliminares da análise do ecossistema de evidências em saúde no Brasil.
Na última quinta-feira, dia 5 de junho, foi realizado o 2º Webinário do Projeto ECOEVI, com o tema “Ferramentas para diagnóstico situacional do ecossistema de evidências no Brasil”. O evento ocorreu em formato remoto, das 10h30 às 12h, e contou com a participação de cerca de 45 pessoas, incluindo participantes de outros países, como Bolívia, Cazaquistão e Filipinas (o evento teve tradução simultânea para o inglês).
Integrantes do grupo de pesquisa do GT de Diagnósticos Situacionais da Coalizão Brasileira pelas Evidências, como o NEv Seriema (UNISO) e o Instituto Veredas, conduziram a reunião e a apresentação dos objetivos, metodologias e ferramentas adaptadas no contexto do Projeto ECOEVI, visando avaliar o ecossistema de evidências em saúde no Brasil.
Além da etapa do mapeamento, que reuniu mais de 250 organizações ou núcleos que atuam com diversos tipos de evidências e temáticas aplicadas à saúde, foram apresentadas também no evento duas ferramentas internacionais adaptadas ao contexto brasileiro:
Ferramenta 1: Lista de Verificação da Organização Mundial da Saúde (Checklist OMS)
Uma ferramenta desenvolvida pela Rede para Políticas Informadas por Evidências (EVIPNet Global), cuja tradução, adaptação cultural e teste piloto estão sendo liderados pela equipe da Universidade de Sorocaba (UNISO). Participam 50 organizações, selecionadas para assegurar diversidade setorial e representatividade geográfica. A validação incluiu a realização de teste piloto, seguido de diálogo deliberativo com especialistas e representantes do Ministério da Saúde.
Ferramenta 2: Manual de Análise Situacional (EVIPNet Europa)
O Manual de Análise Situacional, desenvolvido pela EVIPNet Europa (Rede de Políticas Informadas por Evidências em Saúde da Organização Mundial da Saúde – OMS), orienta a realização de diagnósticos situacionais em nível nacional. Para este projeto, a versão original do manual foi adaptada ao contexto brasileiro, com aplicação prevista em níveis estadual e regional. A adaptação e aplicação da ferramenta foram conduzidas pelo Instituto Veredas.
Ambas as estratégias são promovidas pelo Projeto ECOEVI em seus esforços para analisar e contribuir para a ampliação da cultura de políticas públicas de saúde informadas por evidências, visando qualificar a tomada de decisões no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
O diálogo foi conduzido por duas das instituições que estão na coordenação do projeto: o Instituto Veredas e a Universidade de Sorocaba (UNISO), além de membros da Coalizão Brasileira pelas Evidências.
O Projeto ECOEVI conta com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e do Ministério da Saúde do Brasil.
A Fiocruz Brasília sediou na última semana, entre os dias 20 e 22 de maio, a Semana da Avaliação 2025, evento que consolidou seu papel como espaço estratégico de articulação entre ciência, gestão e políticas públicas baseadas em evidências. Com o tema “Práticas, conhecimentos e evidências em políticas públicas”, o encontro lotou o auditório da instituição e reuniu especialistas, gestores, pesquisadores e representantes da sociedade civil em uma ampla programação.
Na cerimônia de abertura, a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, ressaltou o compromisso da instituição com a valorização da cultura avaliativa e sua aplicação nos territórios brasileiros. “A cultura avaliativa precisa considerar as diversas realidades do nosso país, tão plural e com tantas adversidades. Avaliar não é apenas medir: é compreender os impactos reais das políticas públicas na vida das pessoas e tornar isso parte da nossa prática cotidiana”, afirmou. Ela destacou, ainda, a participação de representantes de nove ministérios, reforçando a transversalidade do tema nas ações do governo federal.
Fabiana também evidenciou o protagonismo da Fiocruz nas agendas de evidências para políticas públicas, mencionando a atuação do Programa EVIPNet Brasil e Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde, que amplia o alcance e o impacto da produção científica. “Temos uma atuação ativa junto a instituições como Anvisa e Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde], e seguimos formando redes que fortalecem o monitoramento e a avaliação de políticas públicas, sempre com base no compromisso com os direitos da população”, destacou.
Segundo Damásio, o evento também simbolizou um importante passo na articulação de esforços institucionais para garantir uma gestão pública mais responsiva, estratégica e transformadora. “Estamos aqui reunidos para assumir, coletivamente, o compromisso de usar as evidências a serviço da justiça social, da equidade e do fortalecimento da democracia”, concluiu.
O vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fundação, Juliano Lima, refletiu sobre o papel da avaliação como instrumento de transformação social. “A gestão é uma prática que se aprende, e encontros como este são fundamentais para reunir experiências, compartilhar aprendizados e colocar em diálogo o que há de mais qualificado em termos de evidência científica e boas práticas. É assim que se aprimora a administração pública”, afirmou.
Juliano destacou, ainda, o momento simbólico que vive a Fiocruz, que, em 25 de maio de 2025, completou 125 anos de existência. “A Fiocruz é um patrimônio da sociedade brasileira, e está cada vez mais comprometida com a articulação intersetorial e o fortalecimento de políticas públicas em parceria com mais de 15 ministérios. Atuamos com base no que está escrito no artigo 196 da Constituição: a saúde como direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas econômicas e sociais”, reforçou.
O vice-presidente defendeu também uma abordagem avaliativa subordinada a um projeto de país que enfrente desigualdades e promova bem-estar para todas as populações. “Nosso desafio não é avaliar por avaliar. É garantir que a avaliação esteja a serviço de um projeto de governo comprometido com a redução das injustiças. Temos, no Brasil, territórios onde a expectativa de vida é 20 anos menor que a média nacional. Isso é indigno. Avaliar é também se indignar, refletir e agir para transformar essa realidade”, concluiu.
Miniaulas evidenciam aplicação prática de sínteses e mapas de evidências
Entre os pontos altos da programação estiveram as miniaulas conduzidas por pesquisadoras da Fiocruz, com foco na aplicação prática de metodologias de síntese de evidências.
Na aula “Metodologias de síntese de evidências e os impactos para políticas públicas”, a coordenadora do Programa de Evidências para Políticas e Tecnologias em Saúde (Pepts) da Fiocruz Brasília e do Núcleo de ATS da Rebrats, Flávia Elias, apresentou metodologias rigorosas que auxiliam gestores públicos na tomada de decisão baseada em conhecimento técnico qualificado.
Para a pesquisadora, a Semana possibilitou interação e network entre os participantes. “Reunir os órgãos governamentais, que trabalham com monitoramento e avaliação, apresentando experiências exitosas e ferramentas que as pessoas podem usar e obter dessas políticas públicas que esses órgãos trabalham, como Ipea, Enap, Embrapa, o Ministério da Saúde, trazendo esse aspecto da institucionalização da avaliação e o desafio do papel do monitoramento como forma de avaliação de processos e os desafios também para compartilhamento de dados para processos avaliativos”, afirmou.
Já a pesquisadora Sandra Leone, da Fiocruz Mato Grosso do Sul, conduziu a miniaula “Como as sínteses e mapas de evidências para políticas podem contribuir para a tomada de decisão?”, demonstrando como essas ferramentas vêm sendo utilizadas na prática para orientar intervenções públicas mais assertivas e socialmente responsivas.
Diálogo federativo e comunicação de evidências também ganham destaque
Outro momento marcante foi a mesa-redonda “Desafios e soluções em monitoramento e avaliação de políticas sociais na perspectiva federativa”, com o pesquisador Jorge Barreto, do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS) da Fiocruz Brasília. A discussão trouxe experiências de diferentes níveis de governo e reforçou a importância de abordagens integradas na avaliação de políticas sociais.
“A Semana da Avaliação 2025 congregou especialistas e interessados de diferentes áreas de Políticas Sociais em discussões sobre tópicos atuais e de alta relevância para a temática da avaliação de políticas públicas no Brasil. Oportunidades de intercâmbio de conhecimento e experiência, de uma forma muito participativa, nas mesas abordadas nas plenárias, além de integrar competências e habilidades, nas atividades de construção de capacidades. A Semana da Avaliação superou as expectativas, em qualidade e abrangência”, destacou Jorge Barreto.
Integrando a programação, a oficina “Comunicação de Evidências”, ministrada por Fernanda Marques, pesquisadora da Escola de Governo Fiocruz-Brasília, trabalhou estratégias para tornar a linguagem técnica acessível a públicos diversos, promovendo maior efetividade na comunicação entre ciência e gestão pública.
Com ampla diversidade institucional e uma programação robusta, a Semana da Avaliação 2025 reforçou o papel da Fiocruz Brasília na produção e disseminação de conhecimento para políticas públicas, fortalecendo a cultura avaliativa, o uso de evidências e a cooperação entre instituições comprometidas com a construção de um país mais justo, democrático e baseado em direitos.
A Semana da Avaliação 2025 foi organizada e promovida pela Fiocruz Brasília e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), juntamente com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e outras instituições: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (Sagicad/MDS); Secretaria de Monitoramento e Avaliação do Ministério do Planejamento e Orçamento (SMA/MPO); Fiocruz Mato Grosso do Sul; e Ministério da Saúde.
Cerca de 21 instituições federais participaram da programação, representando diferentes esferas da administração pública — federal, estadual e municipal. A Semana contou com mais de 900 inscritos e teve o apoio da Coalizão Brasileira pelas Evidências, uma rede com mais de 40 instituições que trabalham com o tema de intervenções sociais informadas por evidências. Profissionais que integram a rede estiveram entre os participantes, palestrantes e organizadores do evento.
O evento foi transmitido ao vivo no Youtube da Fiocruz Brasília. Para assistir, acesse aqui.
Projeto ECOEVI realiza Diálogo Deliberativo sobre uso de evidências em saúde no Brasil
A equipe de pesquisa do Projeto ECOEVI – Ecossistema de Evidências para Saúde do Brasil realizou, na sexta-feira, 25 de abril de 2025, um Diálogo Deliberativo com especialistas para discutir o uso de ferramentas metodológicas voltadas à análise da maturidade da institucionalização do ecossistema de evidências no país. O evento ocorreu remotamente, por meio da plataforma Zoom, das 9h às 12h, e contou com a participação de 20 especialistas convidados.
O que é institucionalização de Evidências para informar Políticas?
A institucionalização de evidências é um processo dinâmico e contínuo, que busca tornar o uso de evidências como parte natural e rotineira de uma sociedade, cultura ou sistema de políticas públicas. Isso significa compreender que as evidências na perspectiva coletiva e de áreas que produzem, utilizam e são intermediárias deste conteúdo.
O principal objetivo do encontro foi validar a adaptação de duas ferramentas desenvolvidas em âmbito internacional para sua aplicação em âmbito nacional, sendo as seguintes metodologias:
Ambas ferramentas estão sendo adaptadas pela equipe de pesquisa do projeto e foram apresentadas para análise crítica dos especialistas convidados, à luz do contexto brasileiro, com foco nos desafios e nas estratégias para seu uso em diagnósticos situacionais nos níveis federal, estadual e municipal.
O Diálogo Deliberativo propiciou um espaço de escuta qualificada e construção coletiva entre pesquisadores, gestores e profissionais da saúde pública, visando obter recomendações dos especialistas para adaptar e fortalecer o uso dessas ferramentas no contexto nacional. Por se tratar de uma etapa preliminar da pesquisa, o evento foi aberto somente a especialistas convidados, que contribuíram com suas percepções. Em junho, será realizado um webinário para compartilhar os principais achados e os desafios encontrados durante todo o processo.
A iniciativa integra os esforços do Projeto ECOEVI para promover uma cultura de políticas públicas de saúde informadas por evidências, contribuindo para decisões mais qualificadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O diálogo foi realizado por duas das instituições que estão na coordenação do projeto: o Instituto Veredas e a Universidade de Sorocaba (UNISO), além de membros da Coalizão Brasileira pelas Evidências.
O Projeto ECOEVI conta com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e do Ministério da Saúde do Brasil.
Relatório da Coalizão Brasileira pelas Evidências aponta expansão de rede com mais de 70 instituições que melhoram as políticas públicas no país
A Coalizão Brasileira pelas Evidências (CBE), rede criada em 2022 por diversas entidades interessadas em melhorar as políticas públicas no país, lança, em abril de 2025, o seu terceiro relatório anual, consolidando os avanços e apontando os desafios enfrentados ao longo de 2024. O documento apresenta um panorama das principais iniciativas desenvolvidas para fortalecer o ecossistema de evidências no Brasil e destaca a crescente articulação entre governos, academia e sociedade civil no ecossistema das Políticas Informadas por Evidências.
O relatório mostra que 41% das instituições atuantes estão em São Paulo, 19% no Distrito Federal e 10% no Rio Grande do Sul. O tema de mais relevância entre os membros é “Saúde e Bem-estar”, seguido por “Direitos Humanos e Cidadania” e “Educação”. Entre os destaques, estão a institucionalização de práticas de avaliação e monitoramento, além da criação de mecanismos que favorecem a transparência e a disseminação do conhecimento por parte de diferentes gestões públicas. A CBE iniciou com 40 entidades envolvidas e hoje já são mais de 70 espalhadas em todas as regiões do país.
Desafios
Além dos avanços, o documento também mapeia desafios persistentes, como a necessidade de ampliar a capacitação técnica de gestoras(es) públicas(os) na área e de garantir financiamento sustentável para projetos, bem como superar barreiras culturais que ainda dificultam a adoção de práticas embasadas em evidências. Outra percepção do relatório é a necessidade de participação e sensibilização de mais entidades do Nordeste e do Norte brasileiros no grupo.
Durante o ano, foram realizadas diversas ações de engajamento, incluindo eventos, capacitações e publicações que buscam sensibilizar gestoras(es) e ampliar o impacto do uso de evidências nas políticas públicas. O relatório serve como um instrumento estratégico para orientar os próximos passos da agenda de evidências no Brasil.
Como participar da CBE?
Preencha o formulário no site da Coalizão e participe das reuniões ampliadas mensais. Você também pode integrar-se aos Grupos de Trabalho que hoje atuam na rede, a partir dos seus interesses e perfil.
Faça parte da Coalizão Brasileira pelas Evidências
GT de Comunicação da CBE
Coalizão Brasileira pelas Evidências realiza webinário sobre sínteses rápidas com o McMaster Health Forum
Na última segunda-feira (24/02), a Coalizão Brasileira pelas Evidências promoveu um webinário com a participação de Kerry Waddell, pesquisadora da McMaster University, para apresentar a metodologia de sínteses rápidas utilizada pela instituição canadense.
Kerry Waddell lidera o engajamento do McMaster Health Forum com os governos federal, provinciais e territoriais do Canadá. Seu trabalho envolve o fortalecimento dos sistemas de apoio à utilização de evidências no país, além da condução de projetos-piloto inovadores baseados em evidências. Ela também atua na resposta a questões formuladas por tomadores de decisão, por meio de sínteses de evidências contextualizadas, perfis de evidência contínuos, sínteses rápidas e resumos de evidência.
Durante o evento, Waddell apresentou um panorama das sínteses de evidências contextualizadas, apresentando diferentes metodologias conforme os resultados esperados e escopo dos produtos. Algumas sínteses rápidas podem ser desenvolvidas em um a cinco dias, enquanto outras exigem cerca de dois meses de pesquisa e elaboração.
A partir da experiência da McMaster Health Forum, a discussão abordou também aspectos estruturais-chave para a permitir um fluxo mais assertivo na produção de sínteses de evidência. Dentre esses elementos, destaca-se a definição de processos e templates para cada tipo de produto, integrar-se a redes de outras equipes de síntese de evidências que apoiam uma abordagem distributiva, e redes de especialistas que podem fornecer orientação sobre frameworks e evidências incluídas. Waddell apresentou também alguns perfis de profissionais envolvidos nesses projetos e o detalhamento do escopo de trabalho de cada um.
Para saber mais, acesse o webinário, realizado em inglês, disponível no canal do YouTube da Coalizão Brasileira pelas Evidências. Além disso, os slides da apresentação conduzida por Kerry Waddell podem ser acessados aqui.
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Sobre o McMaster Health Forum
Nos últimos 15 anos, o McMaster Health Forum tem apoiado iniciativas para enfrentar desafios de saúde e sociais com base em pesquisas, experiências e insights de cidadãos, profissionais, líderes organizacionais e formuladores de políticas. Atualmente, o Fórum trabalha com diversos parceiros para fortalecer o sistema de apoio a evidências no Canadá. As ações incluem: a criação de um mecanismo de suporte baseado em evidências para organizações, a avaliação do sistema de suporte a evidências no governo federal e o apoio técnico para sua implementação, além da organização de uma série de diálogos virtuais para formalizar e fortalecer esse sistema em nível nacional. Saiba mais aqui.
Coalizão Brasileira pelas Evidências mapeia mais de 250 núcleos integrantes do ecossistema de evidências para Saúde no país
A Coalizão Brasileira pelas Evidências apresentou, na quinta (13/02), os primeiros resultados alcançados pelo projeto Ecossistema de Evidências para Saúde do Brasil: Diagnóstico Situacional do Uso de Evidências nos Níveis Federal, Estadual e Municipal (Ecoevi). O evento, promovido de forma online, reuniu pesquisadoras(es), servidoras(es) municipais de diversas localidades e representantes do Ministério da Saúde.
O Ecoevi é executado por diferentes organizações que compõem o Grupo de Trabalho de Diagnósticos Situacionais da Coalizão e tem o objetivo de mapear, descrever e analisar o ecossistema de produção, de uso e de disseminação de evidências para a saúde, nas cinco regiões brasileiras.
Durante o webinário, foram apresentadas as principais etapas do estudo, que incluem o mapeamento de organizações produtoras e intermediárias de evidências em saúde, divididas entre:
Sociedade civil e universidades;
Secretarias de saúde de governos estaduais e municipais de capitais;
Organizações ligadas à assistência farmacêutica e grupos de pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os resultados parciais do estudo foram apresentados por representantes do Instituto Veredas, do Núcleo de Evidências da Faculdade de Odontologia da USP, da Universidade Federal de Pernambuco e do Serviço de Evidências para Monitoramento & Avaliação (Seriema) da Universidade de Sorocaba (Uniso).
Principais achados
O mapeamento incluiu 36 Organizações da Sociedade Civil (OSC), 71 indivíduos, 29 Núcleos de Tecnologias e Inovação de Universidades Federais e Estaduais, 169 Programas de Pesquisa para o SUS (PPSUS), 28 grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, além do mapeamento de secretarias de saúde dos governos estaduais e municipais (das capitais).
Durante o webinário, foi apresentada atualização do Mapa Interativo da Coalizão Brasileira por Evidências, que visa facilitar o acesso à rede de profissionais e organizações atuantes em Políticas Informadas por Evidência (PIE), fortalecendo as conexões entre diferentes agentes do ecossistema de Saúde. Os participantes do evento sugeriram estratégias para superar os desafios relatados pelas(os) pesquisadoras(es) e articulando novos contatos para a expansão da pesquisa.
Saiba mais
O Ecoevi é realizado com apoio da Coordenação de Evidências e Informações Estratégicas para a Gestão em Saúde, do Ministério da Saúde, e é viabilizado por meio de Carta-Acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).
Participaram do webinário: Maryana Carmello Costa e Maristela Vilas Boas Fratucci (Núcleo de Evidências da Faculdade de Odontologia da USP); Fernando Antonio de Gusmão Filho (Universidade Federal de Pernambuco); Professora Luciane Cruz (Uniso). O evento foi mediado por Jéssica Farias, integrante da Coalizão Brasileira por Evidências.
Autoria do texto: Comunicação Veredas
Coalizão Brasileira pelas Evidências apresenta atividades no 5º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde em Fortaleza, no Ceará
Na foto: Maritsa Bortoli(Instituto de Saúde – SP), EvipNET Brasil, AURELINA AGUIAR DE LIMA EvipNET Brasil e SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO E DO COMPLEXO ECONÔMICO-INDUSTRIAL DA SAÚDE (SECTICS/DECIT/CGEVI), Cintia Freitas – (Instituto de Saúde – SP), Maíra Barroso Pereira (NATS UNIFESP), Jessica Farias (Instituto Veredas) , Hemyly Marinho (UPE) e Fernando Gusmão (UPE).
A Coalizão Brasileira pelas Evidências esteve presente no 5º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, realizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) entre 03 e 06 de novembro de 2024. A Coalizão foi representada por diversas instituições, que apresentaram painéis, oficinas, rodas de conversa, dentre outras atividades.
Com o tema “Política, Saberes e Práticas: Resistência e Insurgência no Enfrentamento das Iniquidades em Saúde”, o congresso reuniu diversos atores com o objetivo de unir esforços para avançar na formulação de uma visão crítica consistente diante dos atuais desafios, para debater e apontar readequação necessária de rumos para o Sistema Único de Saúde (SUS) no presente e no futuro.
Experiências da Coalizão
Os encontros promovidos pela Coalizão abordaram diversos assuntos, relacionados a práticas e experiências sob a luz da implementação do uso de evidências na tomada de decisão. Instituição referência nesse assunto, o Instituto de Saúde de São Paulo organizou debates e relatos sobre evidências para modelos de apoio no cuidado domiciliar, protocolos de Atenção Primária à Saúde, programas de desenvolvimento infantil, dentre outros temas.
“Os congressos da Abrasco são, tradicionalmente, espaços privilegiados de articulação com diversos atores, e esta edição não foi diferente. Oferecer o curso “Políticas Informadas por Evidências: Articulação de diferentes saberes na construção e implementação de políticas públicas” foi uma experiência enriquecedora, possibilitando um diálogo direto com gestores públicos, representantes do controle social, pesquisadores, trabalhadores e estudantes, todos com grande motivação para incorporar ferramentas e referenciais da Tradução do Conhecimento em seus processos de trabalho. A participação no congresso foi, sem dúvida, um momento significativo para avançar nesse compromisso compartilhado.”
Cintia Freitas – Instituto de Saúde (SP)
Oficina PIE
Fernando Gusmão, professor da faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, foi o responsável por detalhar a experiência da Coalizão e a relevância da atuação em rede, no painel “Redes colaborativas para a participação social na tomada de decisão em políticas sociais: a implementação da Coalizão Brasileira pelas Evidências.” Nesse sentido, Fernando destaca:
“É muito importante a Coalizão estar presente neste espaço, que reúne profissionais, organizações e pesquisadores do campo da Saúde Coletiva. Em uma roda de conversa, pudemos apresentar as principais conquistas dos últimos dois anos dessa rede colaborativa e em outra, apresentamos o resumo sobre o projeto de extensão em Comunicação Cidadã, no desenvolvimento das Histórias de Mudança e nas redes sociais da Coalizão.”
Comunicação Cidadã em Políticas Informadas por Evidências
Outro tema de destaque da atuação da Coalizão apresentado durante o congresso foi o trabalho desenvolvido pelo projeto de extensão da Universidade de Pernambuco em Comunicação Cidadã para a disseminação das Políticas Informadas por Evidências. As mesas sobre o tema foram escritas coletivamente pelos alunos do projeto e apresentadas por Hemyly Marinho, estudante do curso de Saúde Coletiva da UPE.
“Trouxemos um relato de experiência do nosso projeto de extensão, para mostrar como funciona trabalhar com comunicação para fortalecer o uso de evidências. Foi muito importante mostrar nossa visão nesse congresso de Saúde Coletiva. Pudemos apresentar a importância das Histórias de Mudança que temos desenvolvido e do trabalho nas redes sociais da Coalizão, relevante para divulgar a atuação do campo das PIE no Brasil.”, comenta Hemyly Marinho.
Na foto: Hemyly Marinho UPE, Ana Carolina (USP), Fernando Gusmão (UPE), Ana Lígia (FCMSCSP), Maíra Barroso Pereira (NATS UNIFESP) e Jessica Farias (Instituto Veredas)
Design Thinking impulsiona pesquisa para mapear ecossistema de evidências no Brasil
Autora: Rebeca Cardoso Pedra
Introdução
No cenário de crescente importância das políticas informadas por evidências e da Coalizão Brasileira pelas Evidências, surge a necessidade de mapear o ecossistema de evidências no Brasil. Este ecossistema, composto por diversos núcleos e iniciativas, muitas vezes opera descoordenadamente, levando a uma fragmentação de recursos e esforços. O Projeto de Mapeamento visa identificar atores, capacidades e fragilidades desse ecossistema, com a finalidade de promover políticas públicas mais assertivas, alinhadas com o ODS 16.
O Projeto pretende mapear, descrever e analisar o ecossistema de produção, uso e disseminação de evidências em todas as regiões do Brasil. As fases do estudo envolvem a tradução transcultural de ferramentas da Organização Mundial de Saúde e a parceria com a Coalizão Brasileira pelas Evidências para identificar instituições e atores-chave através de métodos como amostragem snowballing, netnografia, aplicação de ferramentas para aprofundamento e exploração do ecossistema e entrevistas de grupos focais para validação.
Design Thinking na Pesquisa
O projeto adotou o Design Thinking (DT) em duas fases, utilizando as metodologias de inovação do design thinking/duplo diamante orientando-se pelo Open policy making toolkit do Policy Lab. As taxonomias Health Systems Evidence e Social Systems Evidence são guias na exploração do ecossistema. Na primeira fase, o foco é na descoberta do problema, envolvendo especialistas e usuários na definição de questões e problemas. A segunda fase concentra-se na elaboração, entrega e prototipação de soluções, incorporando ferramentas do Policy Lab em ambas as fases.
Já estamos bem avançados na primeira fase do projeto. Concluímos a netnografia de todo o ecossistema Brasileiro. Fizemos uma tradução e adaptação livre das duas taxonomias, bem como da ferramenta de exploração para serem adequadas à realidade brasileira. Realizamos entrevistas piloto para validar a adaptação das taxonomias e o método de exploração. Com esses primeiros resultados, já realizamos os ajustes e estamos nos preparando para iniciar as entrevistas com todo o ecossistema.
Benefícios do Design Thinking
O Design Thinking traz uma abordagem centrada no ser humano ou no usuário, combinando empatia, colaboração e experimentação. A nossa sociedade está em rápida e constante mudança, assim como os problemas, aumentando a necessidade de soluções mais rápidas, específicas e complexas. Isso torna o DT uma metodologia ideal, uma vez que promove a resolução de problemas complexos, agilidade na execução do projeto e desenvolvimento de soluções inovadoras que considerem o que é desejável, viável financeiramente e factível tecnologicamente.
Por isso, aqui no núcleo de evidências EVIPORALHEALTH da FOUSP sentimos a necessidade de implementar o Design Thinking. Construímos nossos projetos de pesquisa e política seguindo o método científico, mas desde o princípio consideramos e validamos as necessidades do nosso usuário final incluído desde o levantamento do problema até a elaboração da solução, seja ela um produto, um processo ou um serviço. É uma lógica de pesquisa feita para ser entregue à sociedade. Utilizamos diversas ferramentas, entre elas destacamos o kit de ferramentas Open Policy-making disponibilizado pelo Policy Lab UK, que nos permite executar uma abordagem inovadora e ágil baseada em design para a elaboração de políticas centradas no usuário.
Além disso, o uso do DT em projetos de pesquisa é importante para o desenvolvimento tanto do fluxo do projeto quanto da equipe. Quando trabalhamos orientados pelo Design, todos constroem o projeto juntos e se sentem responsáveis por ele, incluindo os alunos de graduação envolvidos, que começam a se tornar pensadores independentes, adquirindo maior senso crítico e raciocínio científico. Veja abaixo o depoimento dos integrantes do projeto, discentes de graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo:
“Esse projeto me enriqueceu imensamente quanto a políticas baseadas em evidências e gestão de políticas públicas. Pude aprender muito mais sobre pesquisa e Design Thinking. Foi um prazer imensurável poder trabalhar com uma equipe impar de qualificação altíssima e aprimorar meus conhecimentos. Foi imprescindível para minha decisão em seguir para Pós-Graduação, trilhar esse caminho de aprendizado árduo, mas gratificante.” – Giulia Vaz da Silva
“A experiência de estar fazendo parte do projeto da Coalizão é engrandecedora! Poder aprender mais sobre o Processo de Tomada de Decisões Baseadas em evidência, junto a uma equipe tão qualificada, é certamente uma oportunidade única. Fazer parte de uma iniciativa que envolve a aproximação entre o meio acadêmico e a gestão pública em saúde contribuiu para minha melhor compreensão dos mecanismos de funcionamento do Sistema Único de Saúde, despertando ainda mais interesse nessa área de atuação.” – Guilherme Poggio de Oliveira Rocha
Projetos futuros e implicações
O uso contínuo do Design Thinking pode ser estendido a futuros projetos, criando um ciclo de inovação e melhoria contínua. O método pode ser aplicado em diferentes contextos, proporcionando soluções ágeis e centradas no usuário.
Para conceber Políticas Informadas por Evidências de uma forma centrada no usuário, estas devem se relacionar aos momentos do DT, considerando a validação e a perspectiva dos potenciais usuários. Algo que não é distante, uma vez que a metodologia Support têm muito em comum com o design, as PIE passam por fases semelhantes às três fases do design: inspiração/análise do problema, ideação e implementação. Contudo, para uma melhor compreensão desta perspectiva, é crucial compreender a relação entre os conceitos de inovação e Design Thinking com aspectos clássicos da saúde e políticas públicas que influenciam a elaboração de políticas e a prática dos profissionais de saúde, por exemplo, que também se relacionam com o território e a sua influência na sociedade exercendo impactos na ciência, na saúde, entre outros.
Framework para a interface do Design Thinking com EIP (Fonte: Pedra 2022).
Contextualização Internacional
Iniciativas semelhantes no Reino Unido e em países europeus já utilizam laboratórios de política que discutem a inovação e utilizam DT na elaboração de políticas públicas. O projeto brasileiro destaca-se pela combinação de Design Thinking e políticas informadas por evidências na busca por soluções em um contexto nacional.
Conclusão
O uso do Design Thinking na pesquisa e nas políticas informadas por evidências é crucial para transformar ideias em impacto. Abordando os “wicked problems” ou problemas complexos de políticas, o DT proporciona uma perspectiva ampla para lidar com a incerteza. A inovação na elaboração de políticas é uma abordagem emergente, discutida tanto nacionalmente quanto internacionalmente, e o projeto brasileiro destaca-se ao incorporar princípios de Design Thinking. A pesquisa, ao adotar essa abordagem, pode transcender a academia e gerar impacto real, avançando em direção às metas da agenda 2030.
Referências:
Pedra, Rebeca Cardoso. Processo de desenvolvimento e validação de taxonomia de COVID-19 e saúde bucal [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia; 2022 [citado 2023-12-11]. doi:10.11606/D.23.2022.tde-30012023-132120.
OPSI. OECD Declaration on Public Sector Innovation [Internet]. OECD / European Commission; [cited 2023 Dec 11]. Available from: https://oecd-opsi.org/work-areas/declaration/
Coalizão Brasileira pelas Evidências debate a participação social nos processos de tomadas de decisão no SUS no 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde – ABRASCO
Entre os dias 30 de outubro a 03 de novembro de 2023, foi realizado em Recife-PE, no Campus da Universidade Federal de Pernambuco e nos espaços do Instituto Aggeu Magalhães, o 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde. O evento da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)reuniu pesquisadore/as, estudantes, profissionais e gestores de saúde, ativistas e participantes de movimentos sociais para debater o campo da saúde coletiva pelo olhar singular das ciências sociais e humanas em saúde.
A Coalizão Brasileira pelas Evidências teve quatro representantes na coordenação do Coletivo Temático 02 (CT 02) – O lugar da participação social nos processos de tomadas de decisão no Sistema Único de Saúde (SUS), compostos pela coordenação do Instituto Veredas (CE), ISC-UFBA (BA), e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (DF), e com apoio do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (SP). O CT coordenou e selecionou trabalhos em diferentes sessões científicas (01/11 a 03/11), além de ministrar uma oficina pré-congresso “Advocacy e participação social na avaliação e incorporação de tecnologias no SUS: pensando estratégias para o fortalecimento da democracia e a defesa do direito à saúde” (31/10).
As atividades buscaram trilhar caminhos para colaboração entre gestão, academia e sociedade civil, criando espaços para compartilhar experiências e indagações sobre a incorporação de dimensões subjetivas (visões, valores, vivências) e equitativas no processo de formulação, implementação e avaliação de políticas, tecnologias e intervenções em saúde.
Foram recebidos mais de 100 trabalhos científicos, com um total de 86 aprovados, e a presença de 20 participantes na oficina de variados perfis, tanto do campo acadêmico como movimentos sociais, estudantes e profissionais da saúde e áreas afins. A participação da Coalizão foi apoiada pela ABRASCO e pelas organizações que representavam o Coletivo Temático.
“Ter a Coalizão Brasileira de Evidências como parceira na coordenação do CT ‘O lugar da participação social nos processos de tomadas de decisão no Sistema Único de Saúde (SUS)‘ foi um grande diferencial. Para mim, que acompanho o congresso brasileiro de ciências sociais em saúde há muitos anos, foi marcante a diferença no público das nossas atividades, agregando e despertando interesses em pessoas cujas trajetórias acadêmicas cruzaram aquele espaço pela primeira vez. A minha impressão é a de que conseguimos produzir encontros e convergências potentes para o diálogo necessário entre pesquisadores da área da ATS e cientistas sociais, criando uma oportunidade ímpar de reflexão sobre as ferramentas de participação social com um coletivo experiente, que há anos debate a agência dos sujeitos nas políticas públicas.” Sara Mota, analista de políticas sociais, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e integrante da Coalizão Brasileira pelas Evidências
O CT reuniu debates muito ricos em torno de pautas diversas, mas absolutamente convergentes. Foram discutidos os desafios para a maior participação social na avaliação de tecnologias e gestão de políticas de saúde. Entre os apontamentos, foram levantadas questões importantes como: a necessidade de construir uma agenda nacional de fomento a pesquisas qualitativas, e com participação social, em ATS; a importância de desenvolver estratégias locais para uma maior disseminação de informações sobre processos participativos, em especial as consultas públicas, e de maior envolvimento dos conselhos de saúde; a necessidade de buscar formas de alcançar/visibilizar/formar/fortalecer os movimentos sociais fora do eixo sul-sudeste.
Os movimentos de capacitação e formação de conselheiros em saúde foram pontuados como uma estratégia para qualificar e fortalecer a participação social de acordo com a realidade local dos territórios. Além disso, as discussões apontaram para a importância do fortalecimento e cumprimento do princípio da equidade na participação social no SUS de modo geral e especificamente nos processos de Avaliação de Tecnologias em Saúde.
Fig. 1: Oficina pré-congresso: Advocacy e participação social na avaliação e incorporação de tecnologias no SUS: pensando estratégias para o fortalecimento da democracia e a defesa do direito à saúde.
Fig.2: sessão de apresentação de trabalhos científicos .
Desafios, questões inovadoras e contribuições elencadas pelo CT 02 para a Saúde Coletiva e para as Ciências Sociais e Humanas em Saúde:
O CT apresentou uma temática inovadora para o campo das ciências sociais e humanas em saúde, que é a incorporação de evidências produzidas através de estudos qualitativos em processos institucionais de avaliação de tecnologias de saúde, um campo tradicional e historicamente mais árido às contribuições das ciências sociais. Além de outras questões como:
Importância do processo de advocacy para o fortalecimento das ações de participação social;
Importância de considerar a participação das partes interessadas desde o início do processo de ATS;
Importância de criar estratégias que facilitem a participação social;
importância da tradução de conhecimento para atingir diferentes grupos populacionais e também diferentes segmentos étnico-culturais;
Importância de aumentar a pesquisa qualitativa e etnográfica dos processos de participação social nas diferentes instâncias institucionais;
O coletivo elencou alguns desafios que também podem futuramente construir um debate com a Coalizão como:
Fortalecer a participação das pessoas nos processos de tomada de decisão em ATS;
Definir as estratégias adequadas para aumentar a participação social;
Necessidade de desburocratização das estruturas administrativas de saúde, de forma a facilitar e ampliar a participação social nos espaços de tomada de decisão.
Coalizão Brasileira de Evidências convida D3e e Centro Lemann para debater sobre desigualdades educacionais e o papel das evidências
Veja um resumo do que foi discutido em nossa 24ª Reunião Ampliada
Realizada no dia 30/10 a reunião da Coalizão Brasileira pelas Evidências teve como eixo central a apresentação do “Mapeamento de estudos nacionais sobre desigualdades educacionais”, feita em conjunto pela Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e) e o Centro Lemann de Liderança para Equidade na Educação, com apoio da Porticus.
Para apresentar os aprendizados e resultados do estudo, contamos com a presença de Antonio Bara Bresolin, Diretor Executivo da D³e, Eduardo Marino, gestor da área de Pesquisa Aplicada do Centro Lemann, Lara Simielle, professora do Departamento de Gestão Pública da FGV, e Priscila Tavares, professora da Escola de Economia de São Paulo da FGV. O debate contou também com a participação de Vinicius Campos, gestor de projetos estratégicos na Secretaria de Estado da Educação do Paraná, trazendo a visão da gestão pública no uso de evidências educacionais.
Antonio Bresolin introduziu a conversa, trazendo o histórico da D³e e sua missão de contribuir com a melhoria das políticas de educação através da geração de dados e evidências que qualificam a tomada de decisões. Nesse sentido, a organização produz documentos como relatórios de pesquisa temáticos, de maior profundidade, notas científicas e, ao longo dos anos, passou a desenvolver também Sínteses de Evidências, buscando proporcionar maior agilidade e conciliar o tempo da pesquisa com as demandas da gestão pública. A organização também promove seminários e encontros com o intuito de reunir diferentes atores do campo educacional.
Na sequência, Eduardo Marino apresentou o Centro Lemann, criado em 2021 como parte do ecossistema de organizações apoiadas pela Fundação Lemann, com mandato orientado para apoiar lideranças educacionais e escolares, com foco na qualidade e equidade em aprendizagem.
“Temos o desafio de identificar as evidências relacionadas à desigualdade na educação brasileira e trazer essas evidências para a perspectiva da aprendizagem, tanto para processos formativos das lideranças educacionais e escolares, quanto para algumas agendas de advocacy. Ou seja, tanto para geração dos dados, como para o uso dessas evidências”, comenta EduardoMarino.
Metodologia do estudo
As pesquisadoras Lara Simielli e Priscila Tavares, responsáveis pelo desenvolvimento do estudo, contaram que o propósito era entender o campo das pesquisas sobre equidade em educação no Brasil e, mais especificamente, identificar as lacunas de conhecimento. Ou seja, encontrar oportunidades de realizar pesquisas a partir de olhares que ainda não estavam sendo aprofundados.
Para fazer o mapeamento sobre desigualdades educacionais, foram realizadas buscas através de palavras-chave determinadas, somente em português e em plataformas nacionais. Através desse método chegou-se ao número de 117 estudos. Após a fase inicial, a pesquisa focou em estabelecer a categorização dos documentos em três categorias e cinco dimensões. Assim, cada estudo mapeado foi analisado e identificado em:
Categorias: insumos (recursos físicos, pedagógicos, infraestrutura); processos (práticas pedagógicas, decisões de gestão, administrativas) e resultados (rendimento em aprendizagem ou outro tipo).
Dimensões: gênero; raça; localidade; nível socioeconômico e deficiência.
Resultados e percepções
Segundo Priscila Tavares, um dos resultados principais percebidos através do mapeamento foi a de que poucos estudos apontam para caminhos de políticas educacionais que poderiam atuar sobre a redução das desigualdades e propor caminhos para a equidade.“A literatura no Brasil ainda está no ponto de mapear as desigualdades sem no entanto avançar no entendimento sobre como reduzi-las”,comenta a pesquisadora.
Outros pontos analisados no mapeamento foram:
A maior parte desses estudos observa mais de uma etapa da escolarização ao mesmo tempo. Ou seja, há poucos estudos que têm um olhar voltado a uma etapa específica, o que se torna uma barreira para pensar políticas públicas eficazes. Além disso, no recorte do Ensino Infantil foram encontrados poucos exemplos.
Do ponto de vista das categorias, existem muitos estudos olhando para insumos, em perspectivas de acesso à infraestrutura, recursos físicos e pedagógicos. Muitos estudos olhando para resultados em aprendizagem, medidos por testes de proficiência. Por fim, poucos voltados à categoria de processos, que olha para as questões gerenciais, administrativas e práticas pedagógicas.
As duas dimensões com maior representatividade foram: 1. nível socioeconômico e 2. localidade, que também acaba abarcando muitas questões de renda. Além disso, foram encontrados poucos estudos na dimensão de deficiência.
O olhar da gestão pública e o uso de evidências
Convidado a trazer a perspectiva de pesquisa e a tomada de decisões, Vinicius Campos traz uma reflexão sobre as lacunas entre a geração de evidências e a promoção de medidas eficazes para promover equidade. Ele reforça que apesar da alta produção de análises e estudos acadêmicos de qualidade no Brasil, que geram evidências relevantes, ainda nos deparamos com o desafio de tomadores de decisão em enxergar caminhos viáveis para o uso desses dados na formulação de políticas.
Considerações finais
De uma forma geral, os estudos reforçam perspectivas já claras, de que alunos e alunas têm diferentes condições de acessos que revelam as desigualdades educacionais e que alunos e alunas pretos e pardos têm condições de acesso inferior, o que interfere em resultados. Além disso, em algumas localidades as questões de insumo também aparecem nos resultados dos indicadores de desigualdade.
Por outro lado, não se tem clareza de políticas que estão se valendo desses resultados para promover maior equidade, o que demonstra a relevância do uso de evidências para a elaboração de políticas mais efetivas e de se produzir mais estudos focados em processos, que apoiem a gestão através da avaliação de programas e políticas.
Além da pesquisa principal, foi elaborada também uma plataforma visual, que dispõe a visualização dos estudos. Acesse aqui.